AMÔR PERDIDO
Hoje só quero falar de amôr...daquele que sinto,daquele que perdi,daquele que imperfeito como eu não soube vêr porque era cego,não soube ouvir porque era surdo,não soube dizer porque embora sentido,tão sentido se quedou mudo.Hoje quero falar de amôr;quero falar dos meus eternos silêncios onde enjaulei os sentimentos,gritos que travei e me sufocavam quando tudo o que queria era poder soltá-los nos teus sentidos como um afagar de plumas,como um sorriso rasgado que te beija as mãos,amoras quentes e doces no teu regaço,e os teus braços e abraços como os desejei sempre,sem o saber dizer,e o teu corpo,macieira em flôr,perfume de terra e de mar e lua cheia,e eu a afogar-me na corola do silêncio,ali tão perto do afagar dos abraços,dos laços,muda por não conseguir soltar os gestos,palavras aprisionadas nos meus punhos cerrados,nas veias que saltam e na boca que teima em calar,na noite que desce e no medo que tolhe,no hoje que nascia dia a dia e que eu repetia como se ainda o ontem persistisse em me adiar.Adiei o sonho dia a dia.Semeei um pomar de silêncio,onde só a tua voz permanecia,doce,terna,afago de poemas que soletraste tempo fora,música suave tocada pelo dedilhar dos anjos,e a tua ternura infinita a tocar-me e a dizer-me vem comigo...E quando eu ensaiava a medo os primeiros passos,quando eu timidamente esboçara o primeiro passo,só ouvi o teu grito...
A mim só me resta a raiva...de não ter sabido ser,de não ter conseguido dizer....a tempo!...e a certeza que te pertencerei até ao fim escrava livre do meu amôr tão grande quanto imperfeito!